Alexandre Rodrigues Ferreira
Há cerca de 200 anos, na qualidade de naturalista de D. Maria I, a mando de Melo e Castro (Secretário de Estado dos Negócios da Marinha), Alexandre Rodrigues Ferreira foi incumbido de realizar uma expedição científica (viagem filosófica) pelas Capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá no Brasil.
Em 1783, este naturalista deixou o seu cargo no Real Museu de Lisboa (Museu da Ajuda) para, em setembro, partir para o Brasil com o objetivo de descrever, recolher, aprontar e remeter para Lisboa amostras de utensílios utilizados pela população local, bem como de minerais, plantas e animais. Alexandre ficou também encarregado de tecer comentários filosóficos e políticos sobre o que visse nos lugares por onde fosse passando.
Mapa do itinerário da Expedição de Alexandre Rodrigues Ferreira ao Brasil (1783-1792) In SIMON, William J., Scientific Expeditions in the Portuguese Overseas Territories (1783-1808), INIC, 1983
A Viagem
Com parcos recursos, Alexandre Rodrigues Ferreira, acompanhado pelos desenhadores ou ‘riscadores’, José Codina e José Joaquim Freire, e o jardineiro botânico, Agostinho do Cabo, aportou em Belém do Pará, em outubro de 1783.
Nos nove anos seguintes, dedicados a percorrer o centro-norte do Brasil a partir da ilha de Cametá, subiu o rio Amazonas e o rio Negro até à fronteira com as terras espanholas, navegou pelo rio Branco até à serra de Cananauaru.
Subiu o rio Madeira e o rio Guaporé até Vila Bela da Santíssima Trindade, à data capital do Mato Grosso, de onde seguiu para a vila de Cuiabá.
Voltou a Belém do Pará em janeiro de 1792 após ter percorrido as capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá de 1783 a 1792.
Com esta viagem, que se inscreve entre as mais ambiciosas investigações científicas sobre o Brasil, legou-nos um importante espólio.
Dos milhares de exemplares naturais e etnográficos que Alexandre Rodrigues Ferreira enviou do Brasil para Lisboa, em finais do século XVIII no decorrer da sua Viagem Filosófica, restam apenas os que se encontram no Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, no Museu Nacional de História Natural e da Ciência e na Academia das Ciências de Lisboa.
O Museu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa guarda parte desse material.