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MÁSCARAS JURUPIXUNA
A tribo Jurupixuna seria, talvez, das mais peculiares nos seus costumes. Não andavam em tronco nu como as restantes.
Usavam vestidos e mantos até aos joelhos, mas o seu aspeto mais peculiar era devido às máscaras e capacetes que fabricavam. As máscaras de fibras vegetais entrançadas e cobertas de entrecasca, representando animais e entidades antropomórficas, eram provavelmente utilizadas em rituais.
Índios Jurupixuna
Sobre os Índios Jurupixuna, que se encontram extintos, Alexandre Rodrigues Ferreira escreve a 20 de fevereiro de 1787, na localidade de Barcelos, capital do Rio Negro, o seguinte:
“Sobre os gentios Iurupixuna, os quais se distinguem dos outros em serem mascarados (…) habitam o rio dos Poréos, e assim mesmo os outros da margem ocidental do rio Jupurá. (…) Os índios domesticados lhe dão na língua geral o nome de ‘iurupixunas’, da palavra ‘iuru’ boca, ‘pixuna’ negra. Picam a cara com os espinhos da palmeira pupunha e com as cinzas das suas folhas pulverizam as picaduras, arreigando-se-lhe de tal modo a tinta, que jamais se-lhe extingue a máscara com que fixam. Muito trabalho e dor lhes custa este ornato, porque não raras vezes lhe sobrevêm as erisipelas, de que alguns chegam a morrer. A dor é maior ou menor segundo a obra do enfeite (…) dos cantos da boca até ao ângulo interior da orelha corre em ambas as faces uma linha delicada (…) à proporção do crescimento da idade, se-lhes aumenta igualmente a máscara, porque têm o cuidado de acrescentar.
Os adultos trazem toda a face mascarada, com a diferença porém de que uns se contentam de fazerem aos lados da face o xadrez, (…) outros o fazem também na testa e no espaço que medeia entre as sobrancelhas (…). E, não contentes com isto, trazem outros o beiço inferior furado e, no furo, introduzida uma marca de coguilho. Os velhos são entre eles os mestres encarregados destes efeites. (…) São índios humildes e sujeitos aos brancos que os domesticam.”
FERREIRA, Alexandre Rodrigues, Memórias sobre os Gentios Iurupixunas, 1798. Códice 21,1,40 da Biblioteca do Rio de Janeiro.Gentio Aycurú do Rio Paraguay
in FERREIRA, Alexandre Rodrigues, Viagem ao Brasil, Volume I, Kapa Editorial, 2002
MÁSCARA ANTROPOMÓRFICA
Máscara elmo representando uma entidade antropomórfica, proveniente dos Índios Jurupixuna.
Desenho elaborado pelos riscadores Joaquim Codina e José Freire, alusivo aos Índios Jurupixuna in FERREIRA, Alexandre Rodrigues, Viagem ao Brasil, Volume I, Kapa Editorial, 2002.
ELMO DE URUBU
Representação de urubu-de-cabeça-preta (Coragyps atratus).
O urubu de cabeça preta (Coragyps atratus) é uma ave de grande porte —62cm de comprimento, 145 cm de envergadura para um peso de apenas 1,6kg. Põe os ovos em ocos de árvores mortas.
Em extensas áreas planas, cobertas de mata, como na Amazônia, o urubu-de-cabeça-preta deposita os ovos em buracos abertos entre as raízes de uma grande árvore caída e morta.
Por se alimentar de cadáveres em decomposição o urubu está associado a crendices relacionadas com infortúnio e morte.
MÁSCARA DE PECARI
Máscara elmo representando o porco do mato (Pecari tajacu).
A espécie Pecari tajacu, conhecida vulgarmente por cateto, caiaju ou porco do mato, é uma das três espécies selvagens existentes no Brasil e uma das duas espécies de Pecari frequentes nas regiões mais secas da floresta amazónica. Encontra-se também noutras regiões do Brasil, nomeadamente na mata atlântica, caatinga e cerrado.
Esta espécie, tal como as outras duas, é o principal alimento de grandes carnívoros nomeadamente jaguares e pumas. É caçada pelo homem. No presente, é na Amazónia que esta espécie tem a maior probabilidade de conservação. É resistente a alterações ambientais, pelo que a sua ausência é indicativa de alterações ambientais extremas.