Consumo de plantas sagradas
Os povos indígenas brasileiros consumiam substâncias psicotrópicas e alucinogénias obtidas de plantas da floresta da Amazónia. De referir o rapé (Nicotiana tabacum), o paricá (Anadenanthera peregrina), a coca (Erythroxylum coca) e a ucuuba (Virola sp.).
Rapé
O rapé (tabaco em pó) é preparado pelos índios a partir de Nicotiana sp. juntamente com outras plantas de efeitos psicoativos, numa cerimónia própria, geralmente na floresta.
O uso do rapé é, para muitos, uma tradição milenar e um ritual, ou uma forma de ascensão espiritual. É considerada uma planta de poder ancestral e sagrada que ajuda a limpar a pessoa e o ambiente.
Paricá
O paricá, também conhecido por Yopo, é obtido a partir das sementes de Anadenanthera peregrina, espécie de leguminosa com uma ampla dispersão na América do Sul e, em particular, na Amazónia.
O efeito alucinogénio deve-se à presença nas sementes do composto DMT (N, N-Dimetiltriptamina). Esta planta, tal como o tabaco, é sagrada para os indígenas do Brasil e de outros locais da América do Sul. Resultados arqueológicos sugerem que esta planta é usada pelos indígenas desde há milhares de anos em rituais e como medicamento.
Coca
A coca/cocaína é obtida a partir das folhas da planta Erythroxylum coca amplamente distribuída na América do Sul, incluindo o Brasil, onde desde tempos imemoriais os indígenas mascam folhas juntamente com limão para libertar os alcalóides.
Consideram que elimina a fadiga e a fome e melhora o efeito da altitude quando os nativos tenham de trabalhar em locais com grandes altitudes, como é o caso dos Andes. É também utilizada como psicotrópico.
Ucuuba
A ucuuba (Virola sp.) é uma planta nativa da região da Amazónia utilizada pelos povos indígenas na preparação de rapé alucinogénio e de veneno para utilizar em flechas, a partir da casca das árvores.
As utilizações destas espécies pelas populações indígenas têm vindo a ser retomadas na atualidade, algumas delas como alucinogénios de risco, outras importantes para produção de fármacos com interesse medicinal. Algumas espécies deste género, amplamente distribuídas nas regiões da Amazónia, herborizadas por Rodrigues Ferreira encontram-se ameaçadas de extinção.